Combate
ao terrorismo requer nova estratégia
5 de
abril de 2017 Evguêni Krutikov, Vzgliad
O
atentado em São Petersburgo expõe certa fraqueza nas defesas do país e
demonstra que as medidas federais de combate ao terrorismo estabelecidas ao
longo das últimas décadas já não são suficientes. A missão das autoridades
agora é intensificar o combate às ameaças do chamado ‘terrorismo de baixa intensidade’.
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Opinião
Memorial
improvisando na estação Tekhnologicheskiy Institut, em São Petersburgo
Foto:Reuters
O ataque terrorista em São Petersburgo
rompeu a primeira linha de defesa russa contra os extremistas. O crime, no
entanto, revela mais do que apenas deficiências na defesa da cidade contra o
terrorismo – o paradoxo é que a própria ocorrência desse tipo de ataque é um
sinal da eficácia dos serviços de segurança russos.
Prova de amadorismo
Os ataques terroristas de baixa
intensidade são agora motivo de grande preocupação. Uma célula terrorista
pequena e pouco organizada pode facilmente preparar duas ou três bombas de
baixa intensidade e detoná-las em um lugar lotado. Tais atentados não têm o
mesmo impacto da situação dos reféns do teatro Dubrovka, em Moscou, em outubro
de 2002, por exemplo, mas, ainda assim, são capazes de gerar uma tragédia.
Para combater esse mal, é preciso
ir além dos métodos convencionais de contraespionagem, e o fator humano
continua a ser um componente crucial. Por outro lado, a vistoria de cada e todo
indivíduo, talvez, só seja possível em Israel, que é frequentemente mencionado
como modelo de combate ao terrorismo. No entanto, apenas 8 milhões de pessoas
vivem no país e estão claramente divididas em “nós” e “eles”. Assegurar a
segurança em Israel é muito mais fácil do que em países maiores, como a Rússia
ou as principais nações da UE. Sem falar que nos últimos 10 a 15 anos, os
serviços de segurança da Rússia – ao contrário de muitos outros – têm mostrado
sucesso ao enfrentar inúmeras ameaças.
É relativamente fácil, porém,
produzir uma bomba pequena, preenchê-la com pregos, embrulhá-la em um saco
plástico para escapar da detecção e, em seguida, detonar o dispositivo em um
lugar lotado. Paralelamente, a expectativa de que uma bomba que exploda entre
estações crie uma onda de explosão maior é totalmente infundada, já que o
dispositivo não seria capaz de causar danos em mais de um vagão.
É por isso que, em termos de
tecnologia, o recente atentado foi organizado e realizado por amadores. O mesmo
pode ser dito sobre o extintor de incêndio com dois quilos de explosivos e
projéteis deixado na estação de metrô Ploshchad Vosstaniya.
Medidas localizadas
O atual sistema de segurança nos
transportes públicos da Rússia foi desenvolvido na época em que os ataques
terroristas constituíam uma séria ameaça à segurança nacional, e, atualmente,
os serviços de segurança do país são capazes de neutralizar planos
mal-intencionados de grupos antigoverno.
Devemos agradecer às agências de
segurança russas por metodicamente neutralizar, ao longo de anos, a ameaça de
terrorismo na Federação Russa e para além das suas fronteiras. Entretanto, a
eliminação completa da ameaça de terrorismo é uma missão impossível. Qualquer
indivíduo com alguma experiência e imaginação pode planejar grandes ataques
terroristas nos quais não seja preciso penetrar em lugares altamente, mas que
mesmo assim tenham um enorme impacto público.
Proteger-se contra uma bomba
caseira de baixa intensidade feita em uma garagem é muito mais difícil.
Transferir a luta contra o
terrorismo ao nível das autoridades municipais seria uma decisão mais fácil,
porém equivocada. Vistoriar portões e focar em aparências físicas seria o
primeiro nível de defesa; poderiam representar a “proteção contra um louco”,
mas que, no caso de São Petersburgo, não funcionou.
Em nível federal, existem planos
e recomendações que, quando aplicados de forma inteligente em campo, produzem
resultados mais satisfatórios.
A única dúvida que resta agora é
o nível de prontidão para se enfrentar uma nova ameaça: o retorno à Rússia de
membros de todos os tipos de organizações terroristas que agora fogem da Síria
e do Iraque. O ataque à Guarda Nacional na Tchetchênia, por exemplo, se
enquadra justamente nessa categoria.
No entanto, o atentado em São
Petersburgo deve levar as autoridades locais (e não apenas na capital do norte)
a repensar as medidas antiterroristas básicas. Enquanto as autoridades federais
continuarão a lidar com o terrorismo global, as autoridades locais também devem
fazer algo para proteger as pessoas de terroristas amadores.
Publicado
originalmente pelo jornal Vzgliád
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